domingo, 27 de fevereiro de 2011

O Tamanho da Crise e o Novo Fluxo dos Dólares

Fala-se em US$ 150 bilhões, mas há quem diga que pode ser mais. A verdade é que mesmo depois do reconhecimento público por parte de algumas instituições financeiras, das perdas sofridas com os títulos lastreados em empréstimos imobiliários subprime, ninguém sabe, ao certo, dimensionar o tamanho das perdas. Enquanto os grandes bancos americanos, apoiados pelo tesouro dos EUA, articulam o lançamento de um “superfundo” para adquirir ativos de veículos de investimentos com problemas, o fluxo dos dólares assume uma curiosa direção.

Acostumados, em tempo de crise, a correr para os títulos do tesouro americano, os investidores, quem diria, frente ao dólar fraco, menor crescimento da economia norte-americana e a incerteza decorrente da crise de crédito subprime, estão reforçando sua posição de caixa nos mercados emergentes. De acordo com a Emerging Portfolio Fund Research (EPFR Global), desde o início do ano, os investidores já alocaram cerca de US$ 80 bilhões nos fundos destinados aos mercados emergentes, dos quais grande parte foram alocados depois da fase mais aguda da crise, enquanto sacaram cerca de US$ 56 bilhões dos fundos dedicados aos Estados Unidos, Europa e Japão.

As perguntas que continuam no ar são: qual é a extensão das perdas, qual o impacto que ela trará para o mundo, hoje, globalizado e para onde os investidores partirão às compras.

Quanto ao tamanho das perdas e do fôlego para resistir a elas, antes que se seja vitima de uma contaminação sistêmica, uma rápida análise nos balanços dos grandes bancos mundiais e nas reservas dos Bancos Centrais, parece indicar que o “buraco” precisaria ser muito grande para abalar a saúde financeira destes gigantes do novo capitalismo global. Na lista das 30 maiores empresas por patrimônio líquido, divulgada pela Fortune 500, estão 06 Bancos que, juntos, totalizavam US$ 481 bilhões de PL, em 2006. Analisando a lista das 50 maiores empresas, e aí sob a perspectiva dos seus ativos, a Forbes 2000 aponta a presença de 31 Bancos que totalizam US$ 26 trilhões. Os mesmos 31 bancos que em 2005 chegavam juntos à cifra de US$ 16 trilhões de ativos. E ainda que a crise resida numa momentânea falta de liquidez, os Bancos Centrais já demonstraram a disposição de evitar seu empoçamento (da liquidez), mesmo sob pena de incentivar, no futuro, as mesmas ações pouco cuidadosas que deflagraram a atual instabilidade.

Visto sob esta perspectiva, a crise do subprime parece facilmente absorvível pela grande quantidade de recursos que foram gerados nos últimos anos pelo “fator produção”, principalmente nos países emergentes, potencializada pelos agentes financeiros e suas sofisticadas engenharias que multiplicam, sobremaneira, a quantidade de moeda circulando na economia.

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