domingo, 27 de fevereiro de 2011

A Nova Máquina Social

Segundo muitos, estamos vivendo num novo mundo.
A nova economia global estarrece espectadores acostumados a um ciclo de acontecimentos, até certo ponto previsíveis por modelos capazes de capturar suas constantes.

Veja a citação da matéria do Valor da última quinta-feira:
“A onda de investimento nos mercados emergentes vinha em crescimento desde 2002. Agora é um tsunami. No primeiro semestre deste ano, os fluxos financeiros nesses países já superaram o total de 2006 inteiro, informa o Fundo Monetário Internacional. É um “novo mundo”, diz Jim O’Neill, diretor de análise econômica global do Goldman Sachs. “Quando foi a última vez que um grande grupo de países em desenvolvimento como esse enfrentou pressão de alta em suas moedas? Acho que nunca na história das taxas de câmbio flutuantes.”(Fluxos de Capital: Emergentes buscam saídas para um novo dilema: sobra dólar – Andrew Osborn e Joanna Slater – publicado na edição do Jornal Valor de 25/10/07 – A16)

Fluxo é a palavra de ordem.
Quer seja de capital, corpos, ou tecnologias, ele transfere de forma cada vez mais veloz e sem barreiras, conteúdos que se fundem livremente.
Assim através desta mistura de corpos que compreende todas as atrações e repulsões, as simpatias e as antipatias, as alterações, as alianças, as penetrações e as expansões que os afetam uns em relações aos outros, surge uma nova máquina social.
Mais do que um modo de produção determinado, estas formações sociais compõem-se pelos processos maquínicos que definem os aparelhos de captura que engendrarão os amálgamas e simbioses dos quais os modos de produção dependem.
Desta forma não é a máquina social que supõe um modo de produção, mas é a máquina social que faz da produção um modo.

E qual será o modo de produção desta nova máquina social, ou deste novo mundo? Capitalista Liberal, Capitalista Global, Liberal Capitalista ou Globalista Capitalizado. O fato é que nele as nações tidas como “emergentes”, “pobres”, “colonizadas”, após seguirem um receituário “pós Breton Woods” parecem que reverteram os ventos e os prognósticos que anunciavam, há alguns poucos anos, uma grande recessão sincronizada, dado o descontrole do fluxo de capitais.
“ A primeira recessão sincronizada no planeta aconteceu em 1974/75 e a segunda em 1982. Provavelmente a maior delas está a caminho, com a desaceleração econômica em países da Europa, no Japão e nos Estados Unidos, e da qual dificilmente o Brasil escapará. A previsão é do professor Luiz Gonzaga de Mello Beluzzo, do Instituto de Economia (IE) da Unicamp, que relembrou de forma didática a história econômica mundial, durante a Cientec 2001 – Mostra de Ciência de Tecnologia para o Desenvolvimento, sediada pela Universidade entre 24 de agosto e 2 de setembro”. (WANDA JORGE wandajor@zipmail.com – Efeito Dominó )
http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/jornalPDF/ju167_p5.pdf)


Parece que o “novo mundo” assiste ao espetáculo onde fica mais difícil distinguir a dita “economia real” e o dito “mercado financeiro”. Produção, especulação, ativos, empresas e derivativos, misturam-se como “sementes num grande saco”, onde coexistem em perpétua interação.
Desta mistura pode sair qualquer coisa, inclusive uma nova máquina social que reordene os conteúdos que parecem apontar para um novo papel das economias emergentes, um destino que parece inevitável.
Será???
Se depender dos nossos vizinhos não senão com um pouco de reação.

"Nações Pobres, Ricas Companhias – A velha história dos mercados emergentes falava sobre países: China, Brasil, México. A nova nos fala sobre grandes companhias emergindo destas nações e crescendo 20, 30, 40 por cento mais rápido do que as rivais do primeiro mundo...Outras blue chips dos mercados emergentes têm se transformado em agressivas “incorporadoras”. A Ranbaxy da Índia adquiriu, sozinha, nove companhias internacionais ano passado, ajudando a se transformar em uma das Top 10 fabricantes de medicamentos genéricos. Em fevereiro, Tata Steel da Índia, pagou US$ 12.1 bilhão para vencer a rival brasileira( NT. não sei porque insistem em não pronunciar o nome da CSN) no controle da Anglo-Holandesa Corus, tornando-se a 5ª. maior produtora de metais. E nos próximos 05 anos, Ratan Tata, principal dirigente da empresa, planeja uma série de fusões que levaria sua companhia para o número 02 da lista, justamente atrás da Arcelor-mittal, que é dirigida por um bilionário nascido na Índia e residente em Londres Lakshsmi Mittal. O mundo da mineração está experimentando similar consolidação, com a brasileira CVRD e algumas rivais russas, vencendo multibilionários leilões em dólares por gigantes industriais no Canadá e em outras nações ricas. Aquisições sempre povoaram as manchetes sobre a “invasão estrangeira”. Mas agora o primeiro mundo está reclamando sobre a invasão oriunda de latitudes mais pobres. “Nós já tínhamos aquisições antes, mas no passado elas vinham de empresas americanas ou européias”, diz Richard Haskayne, um ex-executivo de ponta de uma empresa de energia e fundador de uma escola de negócios em Calgary, Canadá. “Mas agora, são brasileiras, chinesas, russas e indianas. Isto muito me incomoda e eu não sei como parar isto”. (Newsweek – Edição de 08/09/2007 – The sexiest companies you’ve never heard of, p. 28 – Tradução de Carlos Machado)

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